É meia-noite e ela está com a mesma roupa que colocou de manhã. Deitado ao seu lado, fiel companheiro, o sempre aceso e disponível notebook. Pensa em trabalho, conversa com alguém no chat(o) do facebook, mil janelas paralelas abertas. A porta, fechada. Depois de um sobe e desce frenético na timeline, percebe que está revendo posts em looping e desiste. Vai para o banho.
Foto: Alessandra Tolc- www.photolc.com.br
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Serão apenas algumas horas de um sono sem sonhos, 7 ou 8 snoozes em um celular que tenta, em vão, despertá-la e um 'não' bem grande ecoando em sua mente, até que um "tá bom, vai" a empurre lentamente para fora da cama e a arraste até o próximo banho, seguido pela escolha da roupa, o café, algumas pílulas de vitamina, a maquiagem no carro, o caminho que tenta mudar todos os dias pra ter a sensação de que está fazendo algo diferente, as mesmas músicas tentando cavar alguma animação e nenhuma novidade no caminho pra instagramar e fazer a vida parecer mais interessante.
Bom dia ao manobrista. Bom dia à recepcionista. Boa tarde ao chefe, porque é de manhã, mas diz o manual da boa coxinhice corporativa que é isso que se diz quando se chega depois do “patrão”. Daí, vão se seguir muitas horas de trabalho até que ela se veja novamente com a mesma roupa da manhã, na cama, ao lado do notebook para chatear (com) alguém. Poucas horas até o primeiro snooze do dia.
Se você se identificou com a triste rotina da moça da soneca ou já passou por uma fase parecida alguma vez, sabe como é. Às vezes, parece que a gente dá snooze na vida. Sair dessa onda requer uma profunda vontade de falar um “tá bom, vai”, mesmo que mal humorado, e rastejar na direção da luz pra voltar a amar muito tudo isso.
Por isso, criei o Índice Snooze de Amor à Vida. Se você está adiando muito o seu despertar, algo precisa ser feito: a prática de um esporte, uma dança, meditação, curso, um novo trabalho, um novo amor, qualquer coisa que lhe dê alegria. Aquela sonequinha pra continuar um bom sonho de vez em quando, além de bem-vinda é extremamente importante, mas não dá pra deixar a vida pra depois. O tempo urge. Acorde. Viva.
por Renata Gervatauskas